sexta-feira, 3 de abril de 2009

absentia

Mais uma vez a transitoriedade bate à minha porta. O contraste entre vida e morte é enorme. Pude ver, em um unico cenário, dois tipos de pavor. Dois tipos contrarios de pavor. No primeiro olhar eu vejo um bebe chorando. Ele, na sua sede de vida, sede de preenchimento, chora por carinho, por alimentação no colo de sua mãe. Em um segundo plano a morte assusta quaisquer que fossem os sentimentos que existiam dentro daquela mulher. Aquela mulher que ali se fazia menina, chorando sem parar e gritando aos infinitos cantos do mundo aquilo que ela mais queria: vida, carinho. Suas necessidades se resumiam em um unico pedido: 'eu quero minha mae!' Na sala ao lado e fora do meu campo de visão estaria a unica fonte que poderia suprir as necessidades daquela menina, daquela mulher; Quer dizer, na verdade nem poderia. A morte assombra qualquer esperança, qualquer outro sopro de vida que ali habitava. O ar que sai da sala ao lado é capaz de congelar as almas que cruzar pelo caminho. O pedido de carinho não é só um pedido. É um grito, uma súplica. E a sede de vida do bebe é ofuscada pelo término da vida de alguem que com certeza deixou incontaveis frutos. Vida e morte se olham, se encaram. É o tempo de oportunidades que um terá contra o tempo de saudade que o que se vai deixará. Que a vida dê carinho, que o carinho dê vida! Que seja o sopro do amor o combustível para os que chegam, e o aditivo para os que ficam. Que a vida seja um eterno começo e tambem um recomeço, e que a coragem seja o coração dessas existências, bombeando para o corpo todo as forças necessárias para continuar. Bom, pelo menos até que o vendaval do fim chegue e leve daqui todos aqueles sentimentos e presentes que a vida, e só a vida traz... Deixando a ausência, o silêncio e a solidão que nada no mundo trata, que nada no mundo cura!